uma Historia de amor

SOBRE OS FUNDADORES

Conhecer Antônio Jackson Borges Lima (74 anos) e Jacira Machado Lima (66 anos), é conhecer um fragmento afetivo e vivo da história do São Francisco, é conhecer uma parte dessa Alagoas formada a partir das águas.

Jackson e Jacira nasceram em municípios margeados pelo Velho Chico em Alagoas. O filho de Altina Borges Lima e Francisco Canuto Lima nasceu na zona urbana de Igreja Nova onde era visitado anualmente pelo rio que, através das enchentes, avançava até 40 km permanecendo em seu quintal entre os meses de novembro e março, ali Jackson aprendeu a nadar, a sonhar e, no seu universo de criança solitária, construiu uma relação de amor para com o São Francisco, passando a considerá-lo seu único amigo de infância.

Ela nasceu na casa grande de seus pais Rui de Freitas Machado e Andrelina Santos Machado, no Sacão, em Traipu, cresceu vendo a Tabanga, se banhando na crôa junto aos seus irmãos, sendo renovada pelas águas do São Francisco entre o intervalo das aulas e passeando nos campos de arroz cultivados nas lagoas que se formavam após as enchentes anuais.

Nas águas do Velho Chico, Jacira e Jackson ganharam corpo, alma, vida e encontraram o amor quando se conheceram em Pão de Açúcar/AL. Suas memórias mais bonitas são líquidas, marcada pela poesia da Tupã, Tupi e Tupiji, barcos que transportavam as cartas de amor trocadas durante os 6 anos de namoro, barcos que navegaram pelos anos interligando Traipu, Penedo e Pão de Açúcar, cidades simbólicas para o casal, embarcações de sonhos e memórias de Jackson, Jacira e tantos outros ribeirinhos.

Como as águas do rio, a vida corre desde as memórias de infância, adolescência à vida adulta, quando já casados, em 1975, aquele que viria a ser o Velho do Rio e o Comendador das Águas, precisa lutar contra um câncer no olho esquerdo, doença que os leva a São Paulo em busca de tratamento, onde permanecem cerca de 80 dias até a cirurgia em janeiro de 1976. Logo em seguida, retornaram a Penedo, quando após alguns meses Jackson decide solicitar ao banco uma transferência para Maceió, tendo em vista a necessidade de acompanhamento médico que precisava fazer na Santa Casa de Misericórdia. O casal ribeirinho migra para a capital alagoana onde vive até a aposentadoria de Jackson em 1998, ano em que retornam para Traipu, para viver às margens do São Francisco.

Ao lado de Jacira, Jackson tem dedicado sua vida à luta em torno da preservação do rio São Francisco, atualmente coordena o Museu Casa do Velho Chico, utilizando o mesmo como espaço de educação ambiental e patrimonial, dando palestras, organizando exposições e participando das expedições organizadas por pesquisadores da Universidade Federal de Alagoas. O ambientalista ainda integra o Comitê da Bacia Hidrográfica do São Francisco e é conhecido como o Velho do Rio, tendo ainda recebido o título de COMENDADOR DAS ÁGUAS e também de CIDADÃO SERGIPANO, um reconhecimento pelo seu trabalho incansável em defesa do rio da Integração Nacional.